ARTIGOS DOS PROFESSORES

 

INDISCIPLINA: COMO SE RESOLVE?




 Edina Martins de Sousa
Professora efetiva da Rede Municipal de Ensino
Escola Municipal Jarbas Jayme.
Setembro de 2010


O universo escolar enfrenta inúmeras situações de conflito; e entre elas destaca-se a indisciplina. O “fenômeno” preocupa gestores escolares, pais, professores e a sociedade em geral.  Podemos afirmar que, em razão do mesmo, é inegável que as mudanças sejam fundamentais para compreender a chamada crise da autoridade docente. Se no passado havia uma autoridade imposta e até mesmo desenvolvida de maneira autoritária pelo professor; hoje, esse modelo está falido, pois não conseguimos conter a temida indisciplina. E paradoxalmente, até parece que instigamos o fenômeno – indisciplinar com nossas precárias metodologias e recursos didáticos.
Dessa forma, a Educação almejada pela Constituição Federal de 1.988 – pautada na educação cidadã – parece distanciar-se da realidade escolar. E nesse sentido, tem-se reconhecido que as reformas curriculares com abrangência nacional têm-se revelado cada vez mais ineficazes como geradores de mudanças e de inovações das práticas educativas; o que significa que as escolas acabam sendo responsáveis por construir e desenvolver as suas reformas e suas mudanças.
Não há solução fácil! Mas é essencial trabalhar – como conteúdos de ensino, ou não – as questões relacionadas à moral e ao convívio social, além de criar um ambiente de cooperação, em que o valor humano, o respeito, a dignidade e a integridade marquem, positivamente, as relações. É preciso, também, diversificar a metodologia promovendo o incentivo às práticas de pesquisas, pois interagirmos cada vez mais com alunos conectados ao mundo por diferentes ferramentas.
Esses mesmos alunos querem que o professor tenha autoridade para resolver os mais corriqueiros conflitos em sala de aula. Vale ressaltar que conflitos sempre vão ocorrer. O fundamental é analisar o que levou as pessoas, e não só os educadores, a terem dificuldades em negociar soluções justas e respeitosas. Esse trabalho não tem fim... A escola estará sempre em movimento.
Assim, diante a complexidade escolar, o educador do século XXI, tem que estar atento ao seu real papel: produtor de conhecimento. E para tanto, se faz necessário seguir com dedicação a prática de pesquisas e autoavaliações, diariamente. E, ainda, desenvolver características que torne a si mesmo e a seus alunos mais humanos, com capacidade de conviver bem; com vontade de aprender, de ser, de conhecer e de executar com eficiência_o que a vida lhe propuser.
A esse referido, e almejado, educador é primordial ainda aprender a resgatar valores tão esquecidos na atual era digital. E mais! Mostrar que toda tecnologia pode ser bem vinda e virar instrumento de, e para aprendizagem na Educação. Pois o conhecimento sistematizado deve ser levado para a vida real num movimento holístico, rumo ao desenvolvimento.
Portanto, é necessário que tais reflexões invadam a prática escolar das nossas crianças e jovens. Ficando cada vez mais evidente, por tudo isso, que educar é sempre um desafio, do qual não podemos desistir.



Artigo: Pai "Nosso" de cada dia...

É mister que a escola tenha ampliado o seu papel numa visão holística de tal maneira que o horizonte esteja se verticalizando. Estamos vivendo uma rara oportunidade de um final de milênio, e ainda assim, estamos sob a égide das mudanças. Transformações que geram conhecimento, exigências e participação de pais e comunidade comungando de uma grande mágica: “Magia do Saber” que é importante, importantíssima! Afinal, é da “Magia do Saber” que compreendemos o mundo que nos rodeia, integrando professor, aluno, pais e comunidade com vista a uma formação qualitativa para os futuros cidadãos. Mas não basta o “Saber superficial conteudístico"... É preciso, lá no fundo, realizar o “Saber significativo” cuja informação amplia a visão de mundo, propiciando autonomia, criticidade e competência.
Precisamos de pais verdadeiros envolvidos no processo educativo, cúmplices dessa “Magia do Saber”. E não é fácil alcançar essa “mágica”. O processo de evolução do conhecimento, com qualidade, é lento, gradual, ocorre passo a passo, mês a mês, ano a ano, década a década. E quantas vezes as ansiedades traduzem a linguagem universal do imediatismo?
A verdadeira educação exige base, depende de raiz e estrutura. E sabemos que o exercício da boa formação está ligado, principalmente, à estrutura cultural, intelectual e moral do próprio educando. Por isso o saber significativo é bom ou “Mágico” se existirem – deste a “primeira infância” do “educando” – pelo menos três organismos também vivos e atuantes: A Família, a escola e a comunidade.
De nada resolvem as melhores lições da ESCOLA, o empenho dos professores e coordenadores, e o exemplo dos mestres, se os educandos ainda pequenos não têm – na FAMÍLIA – o exemplo cultural e intelectual dos “pais”. Já dizia Paulo Freire... ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção.
Por isso, oremos... “Pai nosso que estais ausente, nos dai hoje uma parceria do saber com significado, vem a nossa escola e façamos a reconstrução consciente, perdoando as nossas falhas e crescendo com as nossas diferenças”.

Novembro de 2001.